O Senhor me concedeu filhos espirituais que são gerados em meu coração e que passam a fazer parte de mim, da minha vida, da minha história. Alguns foram para outras paragens ou constituiram uma nova família, mas jamais deixarão de ter seu lugar no meu coração, outros o Senhor os quis de volta para estar com Ele no céu.
Poderia lembrar alguns desses que estão junto com Nosso Senhor, talvez a maioria dos que visitam este blog não os conheçam, como: Dona Júlia, Núbia, Yolanda. Outros mais recentes: Conceição (saudade demais dessa guerreira que me ensinou a amar mesmo no sofrimento - noviça da Comunidade de Aliança) e Luiz Ricardo (dizia: "Meu coração às vezes bate igual ao Paulo Júlio: boraboraborabora... outras vezes igual a Claudete: M e u a n j o, m e u a n j o... rs. Viveu seu sofrimento com resignação e alegria).
Hoje, está fazendo UM ANO que o Senhor precisou de mais um vocacionado Hallel lá no céu: ALESSANDRO.
|
Meu filho, nos braços de Maria você volta para Casa. |
Eu estava viajando para conhecer São Paulo de Olivença para abrir a nossa primeira casa de missão e não havia ainda celular pelo Alto Solimões e tudo estava acontecendo aqui. Partilho com vocês que saímos daqui na sexta-feira e isso aconteceu na segunda-feira. Neste dia, levantei as 5h30min (hora em que o Alessandro morreu), e tinha uma profunda tristeza no meu coração, fui para frente do barco fazer minha oração, chorei bastante sem entender o porque... não quis comer... só jantei por muita insistência dos meninos, mas olhava o horizonte tentando entender o que acontecia, mas jamais poderia imaginar...
Na terça-feira, a tristeza permanecia, porém, mais discreta. Quando paramos à noite em Santo Antonio do Iça, fiquei no barco com a Rai. O João, a Kenny e a Elaine subiram e ligaram para Manaus, eu já estava preocupada pela demora deles (mãe é igual em qualquer lugar), voltaram duas horas depois (o barco na ida demora bastante em cada porto para descarregar mercadorias). Eu ia tomar banho e eles chegaram com a fisionomia estranha e disseram ter algo para contar, mas era melhor eu ir primeiro tomar banho.
Fiquei tão nervosa que não lembro de um banho mais rápido que aquele. Quando voltei, sentei à beira da rede e o João disse: Temos mais um vocacionado no céu! Acho que fiquei verde...
Quando ouvi... não acreditei! Entendi então toda razão de minha tristeza, do meu choro... meu coração de mãe...
Eram 22h do dia 06.10.2009. Não consegui dormi... chorei demais. As 4h fui novamente para a frente do barco e pedi que o Senhor me desse a graça de abraçar "meu filho" e o senti bem próximo e Ele me concedeu, eu o abracei. Acho que naquele dia consegui elevar o nível de água do Rio Solimões. Ficava pensando no medo que ele tinha de tudo, o quanto deveria ter ficado com medo nesse momento... mas ouvi a voz dele me dizendo: "mãe, não tenho mais medo!" e podia sentir Jesus o abraçando.Às 8h da manhã eu permanecia ali imóvel, apenas o pensamento viajava para bem longe, o céu.
Foram momentos dificieis... e imaginar os seus irmãos de Comunidade tendo que cuidar de tudo (e como cuidaram) sem que eu pudesse estar perto.
Ah saudade que dói! A certeza de que é uma alma presente em Deus consola meu coração, mas não tira a saudade.
Desde o começo do dia de hoje (meia noite), meu coração está com ele e decidi parilhar com vocês. Ouço sua voz, vejo o seu rosto...
Saudade meu filho! Saudade de sua voz cantando, de suas mãos levantando nos agudos, da sua coragem de ir pra frente e fazer oração... até de suas garfes " boa noite com vocês! ou Boa noite Santo Antonio do Uatumã!"
Saudade de sua coragem de vencer suas limitações, de querer vencer os obstáculos para dar a sua mãe e seu irmão uma vida melhor. Você nunca reclamou da vida, mesmo tendo vivido humildimente. Saudade de ver você empolgado para ir as missões. Acredito que se estivesse ainda aqui conosco iria ser missionário por excelência, isso encantava seu coração, fazia brilhar seus olhos...
Ah saudade que dói... Amarei você para sempre! Enfeite com seu sorriso o Jardim do Senhor no Céu. Cante com os anjos o seu Hallel, meu filho, meu menino.